quinta-feira, 22 de março de 2012

{anita mamã, etc.}


O meu filho tem quatro anos e uma namorada chamada Ema.
A Ema ofereceu-lhe um desenho. Os dois sentados num banco de jardim, o braço dele crescendo por detrás dela quanto baste para um abraço.
Estar apaixonado é desejar que o corpo chegue, que o corpo transborde, que os braços se estendam até onde os abraços pedirem.
Mesmo que depois se fique parecido com um monstro.
Estar apaixonado é perder o medo de ser um monstro. É perder o medo de monstros. 
(Até uma criança o sabe)


10 comentários:

  1. Até uma criança sabe...mas os "crescidos", tantas vezes, têm tendência a esquecer.

    Tão delicado este teu texto, belo.

    E o teu filho, um "homem" que sabe das coisas.

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  2. Delicioso.
    Sim, estar apaixonado é perder a noção, deixar-se abraçar pelo ridículo. E que mais tem? A compostura, em certos momentos, não é poética. Será alguma vez?

    Pois, se fosse, o corpo não transbordaria e ficaria "quadriculadamente" composto no mesmo lugar. E a expansão do amor, ah essa, ficaria reduzida a meros cintilares de nada... ;)

    Na realidade, em certas ocasiões os monstros não são disformes. São incrivelmente formatados. ;)

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  3. taxi, vieram-me as lágrimas aos olhos...


    :D

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  4. que bonito... tudo! o desenho e o q escreveste. tão tão bonito! {quero um amor assim! :) com braços monstruosos, um amor elástico, feito à medida... do estilo "homem-elástico" dos desenhos animados.}

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  5. Muito bem escrito, prezada Anita!
    Paixão é não ter azimute!

    Muita paz!

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  6. Anita, como o que escreveste é tão lindo tão lindo... Estou aqui com as lágrimas nos olhos!!! Sim, amar é isso.....

    PS - diz ao Simão que não estou nada contente por ele me ter trocado pela Ema!!! Andou ele a oferecer-me flores no Natal... lol

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  7. ele gosta muito de ti! ...e ainda se lembra do teu anel :)

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