Inaugura já amanhã ,sábado, a partir das 15h (mas a coisa estende-se sempre pela tarde fora).
Galeria Pedro Serrenho, Rua Almeida e Sousa, nº21-A , Campo de Ourique (ao jardim da Parada). Para quem ainda não se sente muito à vontade em galerias de arte, pode sempre rever a matéria dada.
..................................................
"No mundo grego o fio era o símbolo poderoso do destino dos homens e estava nas mãos das Moiras: Cloto, que fiava o fio da vida presidindo aos nascimentos, Láquesis que o media e enrolava e Átropos, que determina o momento da morte cortando o fio da existência.
Á luz da temível soberania destas divindades, Penélope é muito mais que a imagem de fidelidade que Homero lhe destinou: ela é afinal ousada e astuta ao recorrer ao fio para traçar o seu próprio destino. Promete ao pai (que insiste em ver a filha novamente casada) que aceitará outro esposo quando terminar de tecer a mortalha do seu marido, mas apaixonada e esperançosa no regresso de Odisseu (Ulisses), adia sempre o fim do trabalho, desfazendo durante a noite, em segredo, o que havia feito de dia.
Sendo o tempo de tecer e bordar propício à meditação, imagino Penélope escrevendo na mente e na mortalha cartas de amor a Ulisses. Cartas de amor que se fazem e desfazem.
A carta de amor não é um objecto qualquer: é um objecto impregnado, um feitiço.
Transmissora de um desejo de proximidade, ela é a dádiva possível dos amantes apartados, suporte de presenças e pertenças impossíveis, lugar dos indizíveis e por isso sempre desesperadas.
Nas cartas de amor de Penélope para Ulisses retomo num tom mais intimista o tema da rede, que surge aqui enquanto construção do amor: frágil, sedutora, tantas vezes incerta e insegura.
Estas peças são híbridos que fui desenhando como quem tece e tecendo como quem escreve, recorrendo a elementos que a memória torna preciosos: antigas cartas de amor, papeis envelhecidos, construções com linhas obtidas pelo desfiar de tecidos, fios de cobre, desenhos feitos com tinta de caligrafia."
Á luz da temível soberania destas divindades, Penélope é muito mais que a imagem de fidelidade que Homero lhe destinou: ela é afinal ousada e astuta ao recorrer ao fio para traçar o seu próprio destino. Promete ao pai (que insiste em ver a filha novamente casada) que aceitará outro esposo quando terminar de tecer a mortalha do seu marido, mas apaixonada e esperançosa no regresso de Odisseu (Ulisses), adia sempre o fim do trabalho, desfazendo durante a noite, em segredo, o que havia feito de dia.
Sendo o tempo de tecer e bordar propício à meditação, imagino Penélope escrevendo na mente e na mortalha cartas de amor a Ulisses. Cartas de amor que se fazem e desfazem.
A carta de amor não é um objecto qualquer: é um objecto impregnado, um feitiço.
Transmissora de um desejo de proximidade, ela é a dádiva possível dos amantes apartados, suporte de presenças e pertenças impossíveis, lugar dos indizíveis e por isso sempre desesperadas.
Nas cartas de amor de Penélope para Ulisses retomo num tom mais intimista o tema da rede, que surge aqui enquanto construção do amor: frágil, sedutora, tantas vezes incerta e insegura.
Estas peças são híbridos que fui desenhando como quem tece e tecendo como quem escreve, recorrendo a elementos que a memória torna preciosos: antigas cartas de amor, papeis envelhecidos, construções com linhas obtidas pelo desfiar de tecidos, fios de cobre, desenhos feitos com tinta de caligrafia."
Ana Tecedeiro (Abril 2009)
Parabéns!! :D
ResponderEliminar