A relação de Amedeo com Jeanne Hébuterne foi tumultuosa. O pintor era problemático e viciado em drogas. Os maus-tratos, abandonos e traições eram um sofrimento constante para Jeanne, que apesar de tudo não conseguia viver sem Modigliani. Quando soube da sua morte, a musa (também pintora) suicidou-se, atirando-se de uma janela de 5º andar. Estava grávida de nove meses. Por tudo isto foi-lhe negado o direito a um enterro cristão e os pais tiveram de a velar e sepultar às escondidas. Anos mais tarde o seu corpo foi transladado.
Hoje dorme junto de Amedeo e do filho que não chegou a nascer no cemitério de Père Lachaise, em Paris.
Arrepiante. E imponente daquele respeitinho que é admiração... :)))))))
ResponderEliminarJinhos.
Uma história incrivelmente chocante e triste. Quanto mais a aprofundamos, maior miséria descobrimos, como se não houvesse limites para a escuridão.
ResponderEliminarE como uma nuvem a pairar sobre tudo isto, a injustiça de uma pintora talentosa como Jeanne ter ficado registada na história de arte como a modelo dos pescoços longos e olhos amendoados da pintura de Modigliani e como um apontamento trágico da sua biografia. A sua paixão e devoção serviram de alimento ao mito do pintor e contribuiram para eternizar o homem que a maltratou.
Anita, foi exactamente cinco minutos após eu ter visto este filme, que compus a melodia principal da minha música A Chuva. É impossível ficar-se indiferente a uma história destas.
ResponderEliminarRealmente a beleza da arte encontra-se nas histórias de vida mais horriveis e tristes, é muito comum saber-se de pintores, musicos, escritores e outros artistas que com histórias de vida tão tristes deixaram obras tão belas. Eu adoro Mondigliani e os seus retratos.
ResponderEliminarfernando, ainda não vi o filme... mas já ouvi a tua "a chuva" :)
ResponderEliminarpor acaso não está on-line, para eu poder deixar aqui um link?
Mãe rã, a história da arte é realmente fértil em "histórias de amor do caneco"... mas algumas até têm finais muito felizes! (vou tentar também falar dessas de vez em quando...)
anita, várias músicas minhas aqui:
ResponderEliminarhttp://www.myspace.com/fernandodinis
Obrigado e um beijinho
vi o filme ainda na companhia do D. no dia antes de ele deixar Braga e ir para Lisboa... a partir dai senti-o como o meu Modiglinani... e sobrevivi.
ResponderEliminarO Alexandre O'Neill apaixonou-se um dia pela francesa Nora Mitrani, ela parte para Paris e ele não suportando a distância decide partir para o lado de lá da ausência, mas é barrado no aeroporto, seu pai, muito influente no país pré-74 solicitou às altas instâncias que este não pudesse abandonar o país...e ele, destroçado escreveu este triste lancinante e belo "Adeus Português":
ResponderEliminarNos teus olhos altamente perigosos
vigora ainda o mais rigoroso amor
a luz dos ombros pura e a sombra
duma angústia já purificada
Não tu não podias ficar presa comigo
à roda em que apodreço
apodrecemos
a esta pata ensanguentada que vacila
quase medita
e avança mugindo pelo túnel
de uma velha dor
Não podias ficar nesta cadeira
onde passo o dia burocrático
o dia-a-dia da miséria
que sobe aos olhos vem às mãos
aos sorrisos
ao amor mal soletrado
à estupidez ao desespero sem boca
ao medo perfilado
à alegria sonâmbula à vírgula maníaca
do modo funcionário de viver
Não podias ficar nesta casa comigo
em trânsito mortal até ao dia sórdido
canino
policial
até ao dia que não vem da promessa
puríssima da madrugada
mas da miséria de uma noite gerada
por um dia igual
Não podias ficar presa comigo
à pequena dor que cada um de nós
traz docemente pela mão
a esta pequena dor à portuguesa
tão mansa quase vegetal
Mas tu não mereces esta cidade não mereces
esta roda de náusea em que giramos
até à idiotia
esta pequena morte
e o seu minucioso e porco ritual
esta nossa razão absurda de ser
Não tu és da cidade aventureira
da cidade onde o amor encontra as suas ruas
e o cemitério ardente
da sua morte
tu és da cidade onde vives por um fio
de puro acaso
onde morres ou vives não de asfixia
mas às mãos de uma aventura de um comércio puro
sem a moeda falsa do bem e do mal
Nesta curva tão terna e lancinante
que vai ser que já é o teu desaparecimento
digo-te adeus
e como um adolescente
tropeço de ternura
por ti
Alexandre O'Neill
PS - desculpa ser tão longo, a culpa é do O'neill que não sabe escrever menos...
Sandra, claro que sobreviveste, és uma menina apaixonada mas muy forte :)
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