quarta-feira, 26 de novembro de 2008

terça-feira, 25 de novembro de 2008

de regresso ao atelier e ao blog


No início há uma ideia mais insistente do que as outras: fermenta, fervilha, quer ser experimentada.
Segue-se o trabalho.
Pode durar meses. Tem um ritmo só dele e obriga-me a criar novas rotinas.
Depois há o dia em que chegam os prazos e tudo se agita. As coisas já não são só ideias nem trabalhos, são para ser mostradas e lidas pelos outros e há que resolver todo o tipo de problemas.
No fim é um alívio, mas de volta ao atelier vejo que o tempo flutua, ainda livre das rotinas de um novo trabalho, e há muitos vazios a preencher...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

2 achados (unidos pela ironia do destino)




Ontem, à saída do atelier, dois achados a poucos metros um do outro:


O primeiro foi um conjunto de negativos fotográficos (ainda há quem se dedique às máquinas analógicas!). Este é um grande achado para quem, como eu, colecciona fotos encontradas, mas inspirada por este site, decidi dar-lhes uma oportunidade de regressarem ao dono: se souberem de alguém que tenha perdido uma bolsa de negativos na zona da Luís Bivar /António Enes, enviem mensagem. Eles ficam guardados o tempo que for preciso.

Segundo achado, alguns metros à frente: uma muito representativa exposição de Carmen Calvo na Art Lounge. Para além de ser uma das minhas artistas contemporâneas favoritas trabalha com fotografias encontradas!!!

Quero dançar como Cab Calloway

Ainda a propósito de moonwalk, aqui vai um video imperdível com Cab Calloway.
Não sei como quase cheguei aos 30 sem conhecer este homem! Ele era o chefe da orquestra do Cotton Club e um verdadeiro espectáculo!
Também para fãs dessa "doce galdéria" que é a Betty Boop! ; )



terça-feira, 4 de novembro de 2008

Pierrots até enjoar!

É por estas e por outras que a Internet é a maior invenção desde a roda*!
Como nos podemos sentir estranhos se há sempre alguém pelo menos tão cromo como nós a um clic de distância?...
Entretanto descobri que a autora daqueles pierrots andrógenos é uma ilustradora japonesa chamada Mira Fujita...com muitos fãs no ciberespaço.


*ou desde a tesoura, o parafuso, as pipocas...

saudades dos 80's



Em 1986 eu andava na primeira classe. Os pierrots estavam na moda: ele era elásticos para o cabelo, blocos de folhinhas com cheiro que trocávamos e coleccionávamos, as capas dos cadernos... Infelizmente, a minha mãe não gostava de patrocinar coisas demasiado pirosas e nunca tive um caderno com pierrot. Também nunca tive uma malinha de plástico "madona"...
O meu 1º dossier tinha uma capa igual à do caderno em cima à esquerda. Era um cartoon do Ernst e vendo bem era mesmo giro... mas na altura preferia os pierrots. Foi por isso que não resisti quando encontrei estas relíquias numa montra da avenida de Roma. A "discoteca-papelaria-livraria Sinfonia" está a livrar-se das velharias e colocou a tralha à venda. por 2€ até é possível comprar um poster do Michael Jackson para colar na parede do quarto e viajar no tempo à séria. Do tempo em que o Michael J. era uma estrela luminosa, cujo moonwalk imitávamos no recreio e não aquele reformado esquisitóide em que infelizmente se tornou.
Para matar saudades do Michael.
Para conhecer o Ernst.
E uma grande concentração de saudosistas da infância nos 80'S.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Lido de fresco

A morte, apesar de ser o que temos de mais certo, não cabe no mundo dos vivos. O mundo dos vivos é um corrupio. Temos todos de chegar a algum lado, de conseguir alguma coisa, de seguir propósitos mais ou menos fúteis que nos preencham a vida. Até que um dia, para o qual nunca estamos preparados, somos obrigados a parar e a encarar a nossa mortalidade, a aceitá-la, e a aceitar também a “mentira” que nessa altura nos possa parecer a nossa vida.
É neste confronto entre a vida dos que vivem e a vida dos que morrem que Lev Tolstoi situa A morte de Ivan Ilitch.Por um lado temos Ivan Ilitch, um juiz respeitado que no auge da vida é tomado por uma desconhecida e debilitante doença e que luta solitáriamente contra a dor atroz e pela aceitação do seu destino fatal. Em torno dele, um mundo que continua a girar no mesmo sentido, um mundo onde o sofrimento de Ivan não passa de uma grande maçada e de um empecilho à felicidade dos que com ele convivem e onde a sua morte é uma possibilidade de acender profissionalmente ou de obter retornos financeiros. À excepção do criado Guerassime, ninguém ali parece lembrar-se de que um dia também vai morrer:


Além das reflexões sobre as nomeações e as modificações no serviço que podiam resultar daquela morte, o próprio facto da morte dum amigo provocou, como sempre, em todos quantos souberam da ocorrência, um sentimento de alegria: não fui eu, foi ele quem morreu.«Ora vejam! Ele morreu, e eu estou vivo!» Assim cada um pensava ou sentia. Quanto às boas relações de Ivan Ilitch, àqueles que eram contados como seus amigos, pensavam além disso, involuntariamente, que ainda tinham de cumprir os aborrecidos deveres de civilidade, que era forçoso assistirem ao funeral e fazerem uma visita de pêsames à viúva.” (p.9)


Porque é que Tolstoi é um monumento da literatura? Porque o seu olhar é aguçadíssimo e a destreza, a incisão e elegância da sua narrativa nunca desiludem o leitor...
Este livrinho é uma obra prima com menos de 100 páginas e é um excelente aperitivo para quem ainda está à espera de ter tempo para ler “Guerra e Paz” ;)