sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

hoje



Em Alvalade, às 7 da manhã havia nevoeiro cerrado e chilrear de passaritos em som surrond.
Neste fase da vida a minha hora favorita é a dos primeiros raios de sol. É inauguração de um dia inteiro de possibilidades.
Lembro-me que quando andava na faculdade, gostava mesmo era do lusco-fusco... Entre a saída das aulas e a chegada a casa havia sempre tempo para uma bebida, uns desenhos em guardanapos ou toalhas de papel e uns dedos de conversa. Eram só 5, 7 minutos, mas muito intensos.

PS: ando com saudades de uma boa braseira...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Dostoiévski e Kurosawa por Gilles Deleuze

"Eu sugiro uma resposta que creio tocar um pouco à filosofia. Nos personagens de Dostoiévski, produz-se muitas vezes algo bastante curioso, que pode dizer respeito a um pequeno detalhe. Geralmente, eles são muito agitados. Um personagem sai de casa, desce até a rua e diz: “Tânia, a mulher que amo, me pede ajuda. Vou correndo, ela morrerá se eu não for”. Ele desce a escada e encontra um amigo, ou vê um cão atropelado, e esquece, esquece completamente que Tânia o espera, à beira da morte. Ele se põe a falar, cruza com outro camarada, vai até sua casa tomar chá e, de súbito, diz novamente: “Tânia me espera, é preciso que eu vá”.O que significa tudo isso? Em Dostoiévski, os personagens são perpetuamente vítimas da urgência e, ao mesmo tempo em que eles são vítimas dessas urgências, que são questões de vida ou morte, eles sabem que há uma questão ainda mais urgente, embora não saibam qual. E é isso que os paralisa. Tudo se passa como se, na maior urgência – “É um incêndio, é preciso que eu vá” –, eles se dissessem: “Não, existe algo ainda mais urgente. Não moverei um dedo até saber do que se trata”. É O idiota [romance de Dostoiévski filmado por Kurosawa]. É a fórmula de O idiota: “Veja, há um problema mais profundo. Qual problema, não saberia dizer ao certo. Mas me deixe. Tudo pode arder... É preciso encontrar esse problema mais urgente”.Isso Kurosawa não aprendeu de Dostoiévski. Todos os personagens de Kurosawa são assim. Eis um belo encontro. Se Kurosawa pode adaptar Dostoiévski, é pelo menos porque pode dizer: “Temos um assunto em comum, um problema em comum”. Os personagens de Kurosawa metem-se em situações impossíveis, mas atenção: há um problema mais urgente."
Para ler o texto completo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Do mestre

Um lindo jogo de xadrez portátil criado por Marcel Duchamp, mestre de xadrez e outras artes.
Para ver mais do que urinóis e Mona Lisas, viajar até aqui.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Cristina O. e João Sotero em Arraiolos





Uma sala que há pouco tempo era ocupada pelas bordadeiras de tapetes de Arraiolos foi agora transformada em espaço expositivo pelos artistas Cristina O. e João Sotero.
O Alentejo tem destas coisas: quando lá estamos parece tudo parado, mas sempre que regressamos encontramos algo novo :)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Guerra Revolucionária com dedicatória do autor





"Homenagem sincera, ainda que muito modesta
às extraordinárias qualidades morais e intelectuais
do Excelentíssimo General Carlos Miguel
Lopes da Silva Freire, ilustre amigo
que tanto contribuiu para a minha formação
moral e profissional e pelo qual mantenho a
mais elevada admiração e uma amizade firme"

Hermes de Araújo Oliveira.
LX. Ago 60"



quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O templo dourado





O ciclo Mishima no CCB ofereceu-me um novo olhar sobre a figura de Yukio Mishima e está a abrir-me o apetite para ler "Confissões de uma máscara".

Do autor apenas li "O Templo Dourado" e já lá vão talvez 10 anos. Tantos que nem me lembrava de ter deixado um molho de flores entre as suas páginas.

Na altura pouco ou nada sabia sobre o excêntrico escritor e não conhecia a história do seu teatral suicídio. A impressão que me ficou do livro foi a de uma certa estranheza, pois embora a narrativa gire em torno da vida num templo, a perspectiva pareceu-me muito terrena.

Tenho vontade de o reler para perceber se estas impressões se mantêm e para descobrir que frases sublinharia agora...


quarta-feira, 3 de dezembro de 2008