quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

{anita mamã} - o paganastá

É certo: nos dias em que tenho mais pressa ele avança mais lentamente.
Perdemos o autocarro, ainda há quatro quarteirões para percorrer e o miúdo a pedinchar não sei o quê, a apanhar coisas do chão, a sentar-se nas soleiras das portas, a dizer que já está cansado, a andar como um pateta.
-Simão, pelo menos anda como gente! Dá a mão, a mãe tem pressa.
-Sou o paganastá!
-És o quê?
-O paganastá, o paganastá, mãe. Não sabes? O paganastá anda na rua assim...
Percorri mentalmente a lista de todos os bichos estranhos que as mães dos rapazinhos de 5 anos têm obrigação de conhecer: suricatas, guaxinis, tapires, tamanduás, tatus, pangolins, ornitorrincos, equidnas, quivis, lémures... inútil, na minha memória não viviam paganastás.
-A mãe não sabe o que é um paganastá.
Então ele fez uma expressão de desespero que eu já tinha visto em todos os meus professores de matemática e começou a cantarolar a música do paganastá.

Uu-pá-ganastá

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